quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012




Nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos.

Anais Nin






Lilith juntou as pernas, furiosa. Pensou que se aquele ânimo sexual selvagem se apoderasse dela justo agora, não saberia o que fazer. (…) Será que ela ousaria voltar-se para Mabel e acariciá-la? Ela tinha ouvido falar de mulheres que se acariciavam no cinema. Uma amiga dela havia se sentado desse jeito na escuridão do cinema, e muito lentamente sua acompanhante havia desenganchado a abertura lateral de sua saia, enfiado a mão em seu sexo e a afagado até gozar. (…) Às vezes pensava consigo mesma como deveria ser maravilhoso acariciar uma mulher, a forma arredondada da bunda, a maciez da barriga, aquela pele particularmente macia no meio das pernas, e tentava se acariciar na cama no escuro, apenas para imaginar qual deveria ser a sensação de tocar uma mulher. Ela havia acariciado os próprios seios muitas vezes, imaginando que eram os de uma outra mulher.

Anais Nin

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fragmento de um conto ainda por ser escrito

Aqui passam dias longos e áridos e as palavras me chegam aos poucos.
Dando voz na carne ao que está travado na garganta.

Caminho na rua , penso no escuro dos olhos
quando ela me abriu seus porões.
Porões destrancados sem estrondo, liturgia do avesso.
Dizei uma só palavra e minha alma será para sempre lançada
no abismo do seu corpo.
E me entregarei sem escudo à maré que me espreita no escorrer das horas.

m.butterfly

Vem

Tão leve a trama que a minha mão intensa rompe...
Vem comigo erguer a cortina densa do cotidiano,
Vem caminhar descalça o improvável e sorrir de alegria e luz.
Brincar de olhar e esconder, palavras secretas,os véus meus no labirinto do sonho teu, 

Contatos esparsos pelas superfícies mútiplas do teu corpo
Todas as vontades que alimentamos com fogo e calor
No chão que são flores, 
Braços e pernas tateando um novo acomodar.


m.butterfly

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012




“Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta.”

[Anais Nin]

Para a Moça do Mar

Seu sorriso  é uma praia deserta 
Onde uma música desperta
Numa onda invade e as espumas 
Me tocam  como pétalas

Vibrando  em tradução infinita,
Pérolas na orla do olhar,
Ilha que ainda está por ser escrita.
Corpo ainda por amar.

m.butterfly

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Do Desejo

E o desejo, profano ou não, é meu companheiro e algoz. 
Transborda e escorre. A esmo.
Mergulhar no teu beijo e matar a sede
No breve instante que finda para ser silêncio.
Não tenho chaves, 
Quero despir meu juízo.
O toque da língua 
Naquilo que arrepia
Eu na pele dela
Mergulho.
Permita-me cuidar do seu corpo.


m.butterfly.





sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Para Não Fugir de Mim

Trilho no caminho lânguido
Do sorriso que te habita
Aquele que encerra o delírio
E tenta a cura do desejo
Dos meus dedos viciados
Que querem tomar o caminho da tua pele
Para virarmos duas em uma noite fria
Com pouca vergonha para orientar
Olhar para os lados e não ter medo de atravessar
A minha pele está aqui
Para sua leitura em braille
Verbos e entrelinhas.


m.butterfly.






Interrogação

Quanto deixarei de ser eu para ser sua?


m.butterfly

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fragmento

Tentei esquecer teus beijos
Os dedos na pele minha
Seus ais no meu ouvido


Não pude:


Quero você.
Por que?


m.butterfly

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Versos Lascivos

Cativa de você
Seus beijos e marcas
Do querer desmedido
Que me abre as pernas
E faz perder os sentidos
E o desejo me consome
Escorrendo em desatino
Molhando o sorriso
No ar que falta
Na pele marcada
No som do meu gemido.


m.butterfly

Hai Kai

teu corpo é templo
e somente nele
encontro alento.

m.butterfly

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Iniciação


Sentada na cama ela olhou pra outra e sorriu. Segurou a toalha um pouco mais forte junto ao peito, como se aquela toalha a protegesse, fosse o seu escudo, mas… Pra que escudo? Estava diante dela, tão linda, tão cheirosa, tão feminina, tão compreensivamente cúmplice. Sentiu-se virgem outra vez, aliás, era uma virgem outra vez. Toda a sua experiência até agora, por mais vasta, por mais eclética que fosse, era completamente diferente daquilo. Havia fantasiado, é claro, mas fantasias durante anos guardadas pra si.
Observava-a atentamente. Ela tinha um sorrisinho nos lábios enquanto passava o óleo nas pernas. Podia ver os mamilos pontiagudos sob o vestido leve, e entrever seu sexo pelas coxas. Um calor de dentro pra fora ia tomando conta dela. Tesão! Desejo em desejar a outra, que em determinado momento falou:
- Por quê me olha tanto menina? – sorrindo.
- Porque estou sem graça…
- E sem graça por que? – perguntava nitidamente conduzindo a relação.
- Sem graça porque não sei o que fazer ou dizer.
- Ué, e precisa dizer?! – ainda com o sorrisão nos lábios.
- Não sei… Preciso?!
E quando disse isso a outra se aproximou, uma proximidade deliciosa e eroticamente desconfortável. Fechou os olhos, sentindo o aroma do corpo dela, quase sentindo o toque que não acontecia nunca. Sentiu o cabelo molhado roçar em seu ombro enfim, enquanto percebia os lábios aproximando do seu pescoço. Estavam arrepiada, os pêlos eriçados, os mamilos rijos, o sexo úmido e as mãos cada vez mais firmes na tolha. Estava assustada, mas excitada, mais excitada do que nunca esteve. A outra roçou os lábios muito suavemente pelo seu pescoço, nuca e em seu ouvido falou delicadamente:
- Solta a toalha, vai… – e dizendo isso afastou-se. Ajoelhando-se na cama e tirando o vestido ficando completamente nua diante dela.
Suava de nervoso, de desejo, o corpo dela era tão lindo… Seios grandes, fartos, mamilos róseos apesar da morenice da pele, tinha os pelos aparados e a virilha bem depilada. Por um instante teve um pouco de vergonha do próprio corpo. Com um homem nunca teve, afinal, o que primava era a diferença. Já com ela… Fechou os olhos então e respirou fundo, soltando a toalha lentamente deixando-a cair.
- Seus seios são lindos… – ela disse parecendo realmente embevecida.
Abriu então os olhos e viu desejo nela, que se aproximou e beijou sua boca de uma maneira tão terna, como quem diz: “Calma, não há com que preocupar-se”. Roçando os lábios de leve e suavemente invadindo sua boca com a língua. Roçando os seios em seus seios. O toque mais suave e perfeito ao qual já havia sentido. Pela primeira vez pôde entender o porque mulheres se entendem tão bem entre mulheres. Era tudo tão deliciosamente natural.
Deitando-a na cama, a outra foi explorando com os lábios todo o seu corpo. Olhos, ponta do nariz, boca, orelhas, pescoço e colo. Chegando aos seios, delicadamente beijando e sugando um mamilo, eventualmente traçando um caminho com a língua até sua axila, enquanto com os dedos acariciava o outro mamilo solitário.
Sentia um fogo ardendo dentro dela, como se mil mãos e mil bocas a explorassem. E quando finalmente sentiu os dedos dela tocando-a, respirou fundo e fechou os olhos. Nunca antes havia sido tocada daquela forma a não ser por si mesma. Ela conseguiu em instantes o que muitos homens não conseguem em uma vida, satisfazer plenamente uma mulher.
O orgasmo estremeceu seu corpo, ela percebeu e aproveitando a sensibilidade, foi descendo os lábios pela barriga, cintura, umbigo, até finalmente acomodar-se confortavelmente entre as pernas dela, com os dedos entreabrindo seus outros lábios e com os próprios lábios beijando a sua intimidade.
A intensidade, o ritmo, o toque… Tudo milimetricamente perfeito. Perfeito e natural. Natural e maravilhoso. Maravilhoso e único. Sem pensar muito explodiu num gozo intenso em sua boca, uma sensação tão intensa que sentia o corpo vibrar por dentro. Até quase desfalecer de tanto tesão. A sensibilidade dela era absurda e a boca ainda repleta do seu gosto, beijou-a, sentindo pelos lábios dela o seu próprio sabor.
Nada falavam, não havia o que dizer, ela sentiu uma necessidade absurda de retribuir o prazer à outra. E o que antes era uma grande incógnita, era agora extremamente natural e instintivo. Com a boca, dessa vez era ela a explorar o outro corpo, sem medos, pudores, só desejo e instinto. Conhecia o prazer, como ter prazer, queria agora apenas retribuir este prazer.
Seus sentidos estavam aguçados, porque era tudo novo, tão conhecido e ao mesmo tempo tão diferente. O aroma, o sabor, o toque da pele, o gemido sussurrado… Debruçada sobre a outra, dessa vez foi ela a roçar os cabelos úmidos, a perceber as reações, a explorar as sensibilidades. E quando pela primeira vez teve os seios da outra em sua boca, os seios grandes e fartos, macios, pôde sentir os mamilos ficarem cada vez mais rijos de desejo, estimulados e sugados pela boca e língua. Sentia prazer em dar prazer.
Estava curiosa, queria provar todo aquele corpo, queria sentir o sabor dela também, mas queria que fosse tão perfeito quanto o prazer proporcionado. Quis então retribuir, ser ela a apresentar algo novo. Desceu os lábios pelo corpo, porém intencionalmente evitando o seu sexo. Passou com os lábios entre as coxas dela, a milímetros de onde tanto desejava, sentiu o aroma delicioso de mulher, mas desceu por entre as coxas, joelhos, pernas até chegar finalmente aos pés.
Durante todo este percurso, observava-a, estavam em sintonia. Quando a outra se recostou nos travesseiros, ficou na posição perfeita para observar a cena enquanto aos seus olhos se masturbava. Massageou os pés com calma, olhando-a bem em seus olhos, e com a boca chupou delicadamente cada dedo, voluptuosamente em determinados momentos, principalmente quando se dedicava ao dedão. Naquele momento o pé dela era um falo sendo adorado, chupado, lambido. Cheio de terminações nervosas e sendo estimulado, tudo pelo total prazer.
Enquanto se deliciava, colocando em sua boca o pé da outra, observando masturbar-se, contorcer-se diante dos seus olhos, com a mão guiou o outro pé que não estava sendo adorado para entre as suas pernas. Olhou-a nos olhos e viu seu olhar malicioso. Ela havia entrado no jogo. E com o dedão do pé tocava-a, inicialmente sem jeito, mas depois encontrando o ritmo e a intensidade perfeita. E ao mesmo tempo em que tocava, se tocava, enquanto chupava sofregamente seu pé em ponta, como um pau enorme a invadir sua boca. E então, sem agüentar segurar, mais uma vez gozou. Com o pé quase entalado em sua boca, e o pé dela invadindo-a abusadamente. Sentiu que foi estocada de maneira mais forte, mais urgente, e levantando os olhos, viu que a outra também gozava com o ato insólito.
Caiu meio mole na cama, ainda com o pé da outra a massagear-lhe, lentamente acariciando o seu corpo, seios e finalmente massageando a sua face com seu próprio cheiro. Olhando nos olhos dela, lambeu o próprio suco em sua sola e dedos e sem dar tempo para descansar subiu a boca por entre as suas pernas. Necessitava chegar a “ela”.
Desejo não se explica, se vive, se explora. E assim foi. Quando aproximou o rosto e sentiu o aroma, delicadamente com os dedos escancarou-a à sua frente. Passando a língua bem devagar de baixo até em cima, como um cão em reconhecimento. O sabor era muito, muito diferente do próprio sabor, pôde naquele momento entender que cada mulher é única e o sabor dela era delicioso.
Olhando de tão pertinho, viu-o inchado, sensível, afinal ela havia se masturbado e gozado intensamente enquanto era adorada e a tocava com seu pé. Fez então algo que amava, uma deliciosa carícia, com os dedos da mão esquerda, arregaçou-a delicadamente, deixando-a bastante exposta. Com a saliva lubrificou o local e enquanto com a língua fazia movimentos rítmicos e constantes concentrados nele, o clitóris, com dois dedos da mão direita introduziu nela repetindo os mesmos movimentos.
Eventualmente levantava o olhar e via a outra de olhos fechados, apenas sentindo, com as duas mãos massageando os próprios seios e com as pontas dos dedos apertando os mamilos. Aquela visão excitava-a ainda mais, mantendo o ritmo da língua e dedos continuado, até sentir seus dedos dentro dela cada vez mais molhados e finalmente senti-los sendo massageados pelo interior dela. Como se seus dedos fossem mordidos, abocanhados.
Continuou naquele ritmo e frisson até que ouviu um grito de gozo, intenso, delicioso. Tirou os dedos de dentro dela e pôs a boca, beijou, lambeu, bebeu todo o suco, enquanto ela acariciava seus cabelos. Com a língua ainda sentiu as contrações rítmicas dela, sensível e saciada. Como era bom sorver aquele gosto, pensou.
Foi lentamente subindo pela cama, roçando seus corpos, até seus lábios se encontrarem mais uma vez num beijo gostoso, e as mãos explorarem o corpo uma da outra sem nenhuma urgência, só carinho. E quando ela finalmente aconchegou a cabeça junto aos seios fartos dela, pode ouvir o coração aos poucos se aquietar.

m.butterfly

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Retrato

A nudez do seu corpo sobre a cama, a sombra titubeante da perna no lençol branco, a luminária desligada e velas espalhadas pelo quarto, a árvore de luz sobre a cômoda, três ou quatro velas pelo chão. 
Tenho na mão o pincel fino, elegante, carregando escritos que inadvertidamente surgirão nas pontas das cerdas, onde se refugiam desenhos que pouco a pouco transferem-se sobre o seu corpo, delineando os seios, cobrindo o ventre, enfeitando o corpo para o desenlace da noite.

m.butterfly.

Era Ela

Era ela, ali, naquele quarto, naquela cama. Nas horas mais inapropriadas. Na hora em que o desejo batia à porta. Ela a olhava, e isso bastava. Ainda era claro e ela não se deixava casta. Ela a pegava pela mão e a cama rangia enquanto tentava controlar seus gemidos. Não importava se tinha alguém do lado de fora. Ela trancava a porta. O desejo incontrolável que a invadia e a contaminava. Por ela. Ao olhar nos olhos, ao despirem uma à outra, beijá-la na boca, passar as mãos pelas suas costas lânguidas e abraçá-la ao redor das pernas. Sempre da forma mais pura. O suor, o calor, o cheiro,  o coração pulsante, o desejo, o amor;  e a vontade de tê-la   e movimentar o sangue fervente.  Cada toque, palavra, movimento.  Ali, naquela cama. Pela sede do eterno ela sussurrava:  e se eu te olhar cem vezes, acredite, em cada uma delas te desejarei um pouco mais.

m.butterfly.

02.02.12